O tráfico
Os primeiros negros chegaram ao Brasil em 1580, para servir aos donos das grandes fazendas de cana-de-açúcar, que não conseguiram escravizar os índios que aqui viviam.
A sociedade colonial não admitia o trabalho senão à custa do cativo. Riqueza e status se definiam pelo número de escravos que um senhor possuía.
Por não os considerarem seres humanos, os brancos nunca se preocuparam em registrar corretamente a procedência dos negros que chegaram ao Brasil. Muito pelo contrário, costumavam dar o mesmo nome aos povos de origens e culturas diferentes.
Além disso, as estatísticas sobre os escravos foram destruídas após a abolição. Porém os historiadores afirmam que variou entre 3 e 18 milhões a quantidade de negros escravizados no país.
Procedência
Os povos africanos expatriados para o Brasil provinham de três grandes
grupos: sudaneses, bantos e maometanos.
Os bantos, originários
do Sul da África, tiveram como destino os estados do Maranhão, Pernambuco
e Rio de Janeiro, de onde migraram em pequenos grupos para Alagoas,
Pará, Minas Gerais e São Paulo. Deve-se a eles a entrada no Brasil das
festas do boi, de louvor a São Benedito, da capoeira, do samba, do batuque
e de alguns instrumentos musicais, como o berimbau.
Os sudaneses,
provenientes do Golfo da Guiné, na África Ocidental, foram introduzidos
no estado da Bahia, para trabalhar na lavoura e incorporaram o candomblé
à nossa cultura.
Os negros maometanos, também conhecidos
como Malês, nos trouxeram o islamismo. Eles foram exterminados no começo
do século XIX porque, por serem alfabetizados, costumavam liderar todas
as revoltas de escravos, sendo massacrados pelos senhores da velha cidade
da Bahia. Ficaram conhecidos como grandes feiticeiros, deixando incorporada
a palavra "mandinga" à língua portuguesa. Deve-se também a eles o hábito
de os negros usarem amuletos e escapulários com orações milagrosas para
fechar o corpo contra os perigos, inclusive mordidas de cobra e tiros.
O negro no Brasil
Os negros eram tirados de sua terra
e trazidos ao Brasil amontoados em grandes embarcações, os navios negreiros,
com péssimas condições de higiene e pouca alimentação. As viagens duravam
entre três e quatro meses e muitos não conseguiam sobreviver às adversidades.
Mercado
de escravos - Debret Mercado de escravos
Ao chegar, eram vendidos como escravos aos seus senhores que os acomodavam
em senzalas, nas fazendas de engenho, onde trabalhavam cerca de quatorze
horas por dia e, muitas vezes, recebiam apenas uma refeição composta
de feijão, milho e farinha de mandioca.
O trabalho
escravo
Por resistirem à dominação dos brancos, os negros
eram ainda mais maltratados - apanhavam de chicotes e eram amarrados
a troncos. Sem esperanças de ganhar uma carta de alforria, que lhes
daria a liberdade, muitos se suicidavam ou fugiam, indo para o sertão,
onde se organizavam em Quilombos.
Engenho
- Debret
Negros
- Debret
Castigos
Dois séculos após sua chegada ao Brasil,
surgiu o movimento abolicionista no país, liderado por José do Patrocínio,
que defendia o fim do trabalho escravo. A partir de 1850, a idéia de
libertação dos escravos ganhou força, mas a escravidão só acabou no
país em 1888, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.
A população negra deixou de ser dominada, mas nem por isso foi integrada
e aceita pela sociedade da época. Ainda hoje, apesar de os negros terem
conquistado seus direitos de cidadãos, eles continuam a ter condições
de vida inferiores às dos brancos.
Castigos
domésticos. Rugendas, BMSP
Feitores
castigando negros. Jean-Baptiste Debret
Quilombo dos Palmares e Zumbi
Os quilombos representaram
a principal forma de resistência negra durante a escravidão e o maior
deles, o Quilombo dos Palmares, localizava-se no atual município de
União dos Palmares, no estado de Alagoas, na época era uma região de
difícil acesso.
Quilombo
dos Palmares Como Palmares representava a liberdade, tornou-se
o símbolo de luta e esperança. As fugas de escravos passaram a ser mais
freqüentes em diversas regiões, já que todos queriam chegar a Palmares
que chegou a reunir uma população de cerca de 20 mil pessoas.
O Quilombo dos Palmares durou cerca de um século, de 1590 até 1694 e,
nos seus quase 100 anos de existência sempre conviveu com a violência,
sofrendo constantes tentativas de invasão.
Na segunda metade
do século XVII, as autoridades locais e os governos, Geral e da capitania
de Pernambuco, aumentaram o número de expedições militares contra Palmares.
Como não conseguiam pôr fim ao Quilombo, foram obrigados a negociar
com os rebeldes.
Zumbi
Houve tentativas de acordo entre o governador da capitania de
Pernambuco e o rei de Palmares, então Ganga-Zumba. O governador exigia
a pacificação através da baixa de defesas do Quilombo.
O
acordo dividiu opiniões entre os quilombolas. Ganga-Zumba admitia a
necessidade do acordo, enquanto outro líder negro, Zumbi, defendia a
continuidade da resistência negra ao governo dos brancos.
Após várias tentativas de aniquilamento do Quilombo, o governo acabou
recorrendo ao experiente sertanista das bandeiras, Domingos Jorge Velho,
oferecendo-lhe armas, mantimentos e ainda concedendo-lhe o direito à
terras e dinheiro pelo resgate dos escravos aos senhores. Assim, é empreendida
a jornada que resultou na Guerra de Palmares, que destruiu a fortificação
em 1695.
Até hoje, a morte de Zumbi é cercada por uma lenda.
O rei de Palmares teria se atirado de um penhasco, juntamente com seus
seguidores, proferindo um último grito de liberdade.
Na verdade,
Zumbi foi assassinado à traição, no ano de 1695, por um branco de sua
confiança, sendo sua cabeça espetada em um pau e exposta ''no lugar
mais público'' do Recife. O governador de Pernambuco na época, Caetano
de Melo e Castro, desejava mostrar que o herói negro Zumbi não era imortal
como pensavam os aquilombados.
SAIBA MAIS
Dois
séculos depois da introdução do negro no Brasil, surgiu o movimento
abolicionista no país, liderado por José do Patrocínio, que defendia
o fim do trabalho escravo. A partir de 1850, a idéia de libertação dos
escravos ganhou força e leis foram feitas para conferir liberdade a
escravos em determinadas condições. Entretanto, a escravidão só acabou
no país em 1888, quando a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea.
VIDEOTECA:
Abolição
- Parte I
Abolição
- Parte II
Abolição
- Parte III