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Ainda não há uma definição universalmente aceita para terrorismo, especialmente porque as ações criminosas fruto do terrorismo e os fins aos quais se propõem são múltiplos e heterogêneos, impedindo a identificação de elementos comuns.
Além disso, a própria percepção do fenômeno varia segundo o período histórico e o contexto sóciopolítico em que se vive.
Tentando encontrar um elemento em comum poderíamos levantar o caráter político do terrorismo, mas os ataques mais recentes tornaram evidente que muitos grupos terroristas são orientados sobretudo por fanatismos étnicos, apocalípticos ou religiosos em lugar de objetivos políticos concretos.
O terrorismo pode ter, portanto, caráter político, ético ou religioso, sempre fundado em uma determinada ideologia.
Mas há pelo menos dois elementos indiscutivelmente
presentes nos atos terroristas: a violência
indiscriminada, envolvendo vítimas
que não têm nada a ver com o conflito
gerador do ato e a imprevisibilidade
e, conseqüentemente, a impossibilidade de
prevenção, criando um clima permanente
de incerteza e tensão. O objetivo é
sempre criar um estado de pânico e desarticulação
de todo o corpo social, gerando, ao mesmo tempo,
uma enorme descrédito em relação
às instituições, as quais,
na maior parte dos casos, não se encontram
preparadas para enfrentar o fenômeno. O
sentimento de insegurança é aumentado
pela consciência de que os meios e as capacidades
tradicionais de defesa e de combate não
são adequados e revelam-se muito pouco
eficazes para lhe fazer face.
A vítima é a mensagem
O terrorismo é uma forma de violência específica. Nele a crueldade tem uma conotação particular, tratando-se freqüentemente de manifestações simbólicas que são fins em si mesmas, realizadas mais para causar impacto na opinião pública do que para obter resultados concretos. Para um terrorista, todos os meios são bons e justificáveis em função dos seus fins, incluindo o sacrifício da sua própria vida e a de milhares de inocentes civis.
Daí se depreende outra característica do fenômeno: a busca da maior ressonância possível. Para os terroristas é fundamental que os meios de comunicação divulguem extensivamente seus atos, propagando sua ideologia e tornando a opinião pública participante de sua ação. Do contrário o ato não teria sentido.
Em suma, o terrorismo é um inimigo covarde e quase “invisível”, que permite aos fracos atacar os fortes, mas vitimando aqueles que são ainda mais fracos. A sua execução é relativamente barata, mas diabolicamente difícil de combater. E não há perigo maior do que enfrentar alguém cuja racionalidade considera legítimos todos os meios em função dos seus fins, dispondo-se a todo o tipo de sacrifício.
Em um sentido amplo, o terrorismo é o uso sistemático do terror ou da violência imprevisível contra regimes políticos, povos ou pessoas para alcançar um fim político, ideológico ou religioso.
Em outras palavras, trata-se de uma prática violenta, ilegítima e ilegal, física ou psicológica contra pessoas ou objetos, realizada para disseminar o terror. É ato executado por um indivíduo ou grupo organizado que opera fora das normas legais, com objetivos políticos, sociais, étnicos ou religiosos, utilizando a intimidação e o uso calculado da violência. Do ponto de vista da estratégia adotada, é o valor simbólico do ato que conta, talvez mais do que o próprio ato, o que ressalta a função comunicativa do terrorismo: a vítima é a mensagem. |