Qual o estilo de Machado de Assis? Como podemos classificar a sua obra?
Não é fácil a classificação!
Embora incorpore traços do Realismo/Naturalismo, a genialidade do escritor levou-o a superar estilos e modas, produzindo uma literatura com características próprias e únicas, que ultrapassou limitações de tempo e espaço.
Ao estudar a obra de Machado de Assis, podemos dividi-la em duas fases bem distintas:
- na primeira fase, chamada de imatura, o autor ainda estava sob certa influência romântica, mas de maneira singular, devido à originalidade de seu estilo.
Nessa fase, sobressaem os romances românticos Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876) , laiá Garcia (1878).
- na segunda fase, a partir de 1881, com a publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, encontramos seu talento cristalizado e mais afinado com a estética realista.
A partir daí, “Machado liberou o demônio interior e começa uma nova aventura”: a análise de caracteres, numa verdadeira dissecação da alma humana. Assim é a segunda fase - fase marcadamente realista, sem a qual “não teríamos Machado de Assis”.
Integram essa fase os romances realistas: Esaú e Jacó (1904), Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891), Dom Casmurro (1900) e Memorial de Aires (1908), seu último romance.
Machado de Assis ocupou-se, principalmente, das classes alta e média urbanas, mais precisamente do Rio de Janeiro, e penetrou-lhes na consciência, sondou-lhes o mundo interior, analisou-as pelo avesso.
A obra de Machado de Assis traz aventura, emoção e suspense, mas tudo diluído em duas prioridades: a análise psicológica e a especulação filosófica acerca da condição humana.
Profundo conhecedor do coração humano, as obras de Machado de Assis caracterizam-se por um triste e velado humor, delicada sondagem psicológica e o requinte de expressão.
O conto machadiano é uma arte de pormenores sutis, em que há o encaixe da simplicidade, do humor e da reflexão.
As personagens machadianas podem ser transplantadas para qualquer época; são pessoas comuns, movidas pelo egoísmo e por uma vaidade ridícula – que faz com que não se perceba a precariedade da condição humana. Machado acreditava realmente que “o homem é o lobo do homem”.
Deu no New York Times:
A genialidade de Machado de Assis foi objeto de uma reportagem do jornal americano The New York Times, cuja tradução você pode ler aqui.