Os jovens e o álcool
Seu filho anda bebendo?
Cada vez mais, consolida-se a ideia de que o álcool é parte integrante do divertimento e do prazer. Há algum tempo as bebidas alcoolicas são servidas com tranquilidade, e em abundância, aos jovens, em festas familiares.
Nos aniversários e comemorações, os adultos compartilham com menores, de forma indulgente e permissiva, do consumo de álcool. Lojas e bares também fazem vista grossa à transgressão da garotada. Como a bebida é socialmente aceita, as doses a mais, raramente, são consideradas um problema, mas apenas um deslize passageiro.
O acesso facilitado pela cumplicidade adulta tem ajudado a levar os jovens a começar a beber cada vez mais cedo. Diversas pesquisas indicam que o contato com a bebida vem ocorrendo, em média, aos 11 anos de idade. O que começa com uma brincadeira pode rapidamente se tornar um vício.
Por outro lado, a bebida, tal como o cigarro para os jovens, faz parte do ritual de iniciação da vida adulta. O álcool também é um grande aliado da noite e da diversão porque tem efeito desinibidor. Serve para anestesiar o exacerbado senso crítico dos adolescentes, tornando-os mais sociáveis e atrevidos sexualmente.
Pais liberais ajudam?
Atualmente, os pais relutam muito em impor proibições e limites aos filhos. Muitos justificam a liberdade que dão, alegando que é preferível que os filhos e os amigos bebam na sua frente do que escondido, como se esta liberalidade fosse suficientemente determinante para o uso equilibrado e responsável da bebida. Em algumas destas situações, os pais podem até servir de estimuladores do consumo.
Segundo especialistas, a família tem uma grande influência no início do consumo do álcool. Pais que bebem principalmente nos finais de semana ou no fim do expediente diário fazem os jovens associarem a bebida ao prazer e ao relaxamento. Além disto, estes pais tendem a ser mais complacentes e omissos quando veem os filhos bêbados porque se identificam com as pressões vividas pelos jovens.
Como prevenir?
O consumo do álcool entre adolescentes e jovens tem um sentido socializador. Eles não bebem sozinhos, mas em grupo, e a necessidade de serem aceitos leva os jovens a imitarem o comportamento dos demais. A melhor maneira de dizer "não" à bebida é entender que ninguém precisa ser igual ao amigo ou repetir padrões de comportamento para ser aceito no grupo.
Quanto menos identidade e auto-estima tiver o(a) adolescente, mais ele(a) estará propenso a aderir ao que os outros fazem. A identidade é formada ao longo dos anos, no seio da família, e o exemplo dos pais e a relação deles com os filhos são ingredientes básicos.
O exemplo pode ser educativo ou deseducativo. Quando os adultos usam com frequência o álcool, seja para relaxar, para comemorar, para conversar, para... qualquer pretexto e os filhos se acostumam a ver e até ouvir comentários sobre um comportamento mais "alegre" do pai ou da mãe, o álcool pode ser visto como coisa familiar e a sobriedade não ser tão valorizada.
Mas, a conversa sobre bebidas tem um papel importante, desde que não vire monólogo ou discurso. Os pais devem aproveitar sempre todas as oportunidades e exemplos à volta para comentar, inclusive, estimulando a análise das mensagens embutidas nas propagandas de bebida.
Os pais também precisam estar mais bem informados sobre os prejuízos que a bebida traz à saúde física e mental. As alterações de comportamento sob o efeito da bebida são apenas a parte mais óbvia do problema. O álcool provoca cirrose e hepatite alcoolica, hipertensão e problemas cardíacos. Causa danos cerebrais e provoca perda de memória. Leva a dependência física e é uma porta de entrada para outras drogas.
É fundamental, ainda, estar a par do que os filhos fazem, onde se divertem e com quem estão e andam. É bom lembrar que os jovens bebem em grupo, portanto não deixe de conhecer os amigos de seus filhos. Levá-los e buscá-los nas festas ou estar acordado, lendo ou vendo tevê, na hora que os filhos chegam em casa, serve para avaliar o que anda acontecendo.
Também é preciso educá-los para o lazer para que descubram desde pequenos que existem várias formas de divertimento, tanto solitárias como em grupo, o que cria alternativas de prazer e fortalece a independência e autonomia.
O esporte é ótimo para afastar a garotada da bebida. Em geral, um jovem viciado em esportes não se vicia facilmente em bebidas e drogas.
Mas, o mais importante é que os pais não sejam os últimos a perceberem...