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O estabelecimento do estado português no Paço
imperial, no Rio de Janeiro, permitiu que as elites brasileiras,
formadas por grandes latifundiários escravocratas,
se fortalecesse e pudesse aprovar medidas que iriam ao encontro
de suas necessidades, influenciando diretamente na política
e na administração do novo estado.
Dom João acabou por reestruturar a política e
a economia brasileira, dotando-a de maior autonomia, o que
permitiu o aumento das fortunas, do comércio e dos
investimentos. Assim, em 1820, quando eclode a revolução
liberal do Porto, que exige a volta da monarquia
portuguesa a Lisboa e Dom João VI é obrigado
a voltar a Portugal, um grande temor apoderou-se das elites
brasileiras... e agora? Voltamos a ser colônia?

Dom Pedro I assume o lugar de seu pai no comando do estado brasileiro, em 1821, quando, finalmente, as cortes portuguesas retornam a Europa. Dom Pedro ocupa então o cargo de príncipe regente, enquanto Dom João torna-se, efetivamente, rei de Portugal. Insatisfeita com os privilégios concedidos ao Brasil, a burguesia portuguesa exige que o Brasil seja novamente submetido a Portugal e Dom Pedro volte para a Europa. A recusa do regente em retornar, em 9 de janeiro de 1822, ficou conhecido como dia do fico.
Nessa época, a idéia de independência não era estranha nem nova na América. Desde o século XVIII as colônias organizavam movimentos de independência bem sucedidos, como o foi a Independência dos Estados Unidos, em 1776 e do Haiti, em 1804. A Independência do Brasil era, portanto, uma questão de tempo.
Essa realidade não passou longe aos olhos do rei português, que recomenda a Dom Pedro: "Pedro, meu filho, se o Brasil se separar de Portugal antes seja para ti do que para um aventureiro qualquer".
O Rei temia as revoluções liberais que haviam
libertado as colônias espanholas. Com um liberal no
poder, Portugal e Brasil poderiam romper os laços econômicos
e políticos que os ligavam. De fato, a independência
não tardou. Chegou ao Brasil em 07 de setembro de 1822,
mas, diferente das demais ex-colônias, não foi
estabelecido o regime republicano, mantendo-se o regime imperial.
A República aconteceria bem mais tarde, quase no fim
do século, em 1889, depois de 67 anos de Império.
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