voltar As reações à teoria



A reação à obra de Darwin foi imediata. Alguns biólogos argumentaram que Darwin não comprovou suas hipóteses; outros, criticaram o conceito de variação, que, segundo eles, não explicava a origem das variações nem como são transmitidas às gerações sucessivas. Mas os ataques mais contundentes não vieram dos cientistas, mas sim dos religiosos. Uma tempestade desabou sobre o cientista, pois sua teoria levava à demolição de algumas construções religiosas sobre a criação do mundo e dos seres que nele vivem, feitas pela Igreja. O pensamento de que as coisas vivas evoluíram por processos naturais era uma séria ameaça à teologia ortodoxa pois negava a criação especial da raça humana e colocava a humanidade no mesmo plano dos animais.

Logo se formaram dois partidos – o dos favoráveis e o dos opositores às propostas darwinianas. Grandes defensores foram Charles Lyell, Joseph Hooker e Thomas Henry Huxley, considerados na época respectivamente o melhor geólogo, o melhor botânico e o melhor zoólogo da Inglaterra. A Igreja anglicana se opôs abertamente à teoria da evolução das espécies, contribuindo fortemente para o debate. Os expoentes oficias do catolicismo se mantiveram à margem da discussão, ao menos em linha de princípio, não querendo talvez entrar em uma questão que poderia causar dificuldades como tinha acontecido dois séculos antes com Galileu Galilei.


O potencial explosivo do evolucionismo


Criacionismo X Evolucionismo: o debate continua

O debate criacionismo x evolucionismo não se extinguiu. Em diferentes países – mas em especial os EUA - , um movimento de cunho fortemente religioso tem, nos últimos anos, tentado impor ao sistema público de ensino uma visão religiosa da origem e evolução da vida. O movimento criacionista envolve grupos religiosos radicais que rejeitam a teoria da evolução biológica em favor de um criador sobrenatural, tendo a Bíblia como única fonte de indícios para explicar essa concepção. Em nome da defesa da “liberdade acadêmica” os criacionistas americanos argumentam que o darwinismo é apenas “mais uma teoria”Mais uma teoria
Os que defendem essa posição parecem confundir teoria com simples hipótese ou achismo, ou seja, ignoram que a teoria é uma moldura dentro da qual as observações são explicadas e as predições feitas seguindo um método rigoroso, que implica:

1. observar algum aspecto do universo;
2. inventar uma descrição, chamada de hipótese, que seja consistente com o que se observou;
3. usar a hipótese para fazer predições;
4. testar tais predições experimentando-as ou fazendo observações futuras e modificando-as conforme seus resultados;
5. respeitar as etapas 3 e 4 até que não haja discrepâncias entre a hipótese e/ou a observação.

Quando a consistência é obtida, a hipótese torna-se uma teoria e fornece um coerente conjunto de proposições que explicam um fenômeno.
e, como tal, não merece maior destaque que o criacionismo ou o “design inteligente”Trata-se de uma forma moderna do criacionismo, desenvolvida por um grupo de criacionistas americanos para contornar uma decisão judicial americana proibindo o ensino de criacionismo como ciência. Seus principais defensores acreditam que o designer é o Deus do cristianismo, alegam que o design inteligente é uma teoria científica, e buscam fundamentalmente redefinir a ciência para que a mesma aceite explicações sobrenaturais. -, que prega, em linhas gerais, que a natureza “sabe” o que as espécies devem desenvolver para serem bem sucedidas e fornece essas características a elas, o que implica afirmar que o histórico natural de cada ser desse planeta é direcionado pela vontade de algo maior - Deus seria o mestre de todos os designers. Com esse argumento, tentam justificar o ensino de outras teorias, além da evolução biológica, como forma de incentivar o debate e o senso crítico dos alunos.

Esse debate tem como pano de fundo uma controvérsia mais profunda: entre fé e razão, entre ciência e religião, entre um conhecimento dogmático, acrítico, não testável, e um conhecimento racional, verificável e auto-corretivo, fruto de uma investigação objetiva, exata e precisa. São duas visões, dois sistemas de compreensão e interpretação do mundo: a ciência perscruta os mistérios do mundo físico, a religião os do mundo espiritual. Elas não são necessariamente excludentes, mas o que não se pode é pretender usar as ferramentas de uma para discutir a outra. Não se pode pensar a religião de um ponto de vista científico e muito menos se pode produzir ciência com fé e orações.

A ciência não tem respostas para tudo. O evolucionismo defende que todas as espécies descendem de um forma de vida simples e primitiva. Mas qual a origem desse ancestral comum? Não tendo como provar essa origem, a ciência não pode investir contra a fé em uma intervenção divina nesse momento. Como diz o próprio Darwin, na conclusão de A Origem das Espécies:


Veja como Darwin descreve como tudo começou