O processo migratório
O povo africano chegou ao país através do tráfico negreiro, não é mesmo? As estatísticas sobre estes povos foram destruídas após a abolição, mas historiadores afirmam que o número de escravos variou entre 3 e 18 milhões. Estudos clássicos indicam que os povos africanos expatriados para o Brasil podem, segundo sua procedência, ser divididos em três grandes categorias: sudaneses, bantos e maometanos.
Os bantos, originários do Sul da África, tiveram como destino os estados do Maranhão, Pernambuco e Rio de Janeiro, de onde migraram em pequenos grupos para Alagoas, Pará, Minas Gerais e São Paulo. Deve-se aos bantos a entrada no Brasil das festas do boi, do louvor a São Benedito, da capoeira, do samba, do batuque e de alguns instrumentos musicais, entre eles, o berimbau.
Os negros sudaneses, provenientes do Golfo da Guiné, na África Ocidental, foram introduzidos na Bahia para trabalhar na lavoura. Os sudaneses, mais desenvolvidos, trouxeram o candomblé.
Os negros maometanos, trouxeram o islamismo para o Brasil. Foram exterminados no começo do século XIX porque, por serem alfabetizados, costumavam liderar todas as revoltas de escravos, por isso foram massacrados pelos senhores da velha cidade da Bahia. Eles eram conhecidos como grandes feiticeiros, deixando incorporada a palavra "mandinga" à língua portuguesa. Deve-se também a eles o hábito de os negros usarem amuletos, muitas vezes no pescoço, escapulários com orações milagrosas para fechar o corpo contra os perigos, inclusive mordidas de cobra e tiros.